O trato do pastor com as ovelhas
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O trato do pastor com as ovelhas
Eduardo M. Bittencourt / Geral
1Timóteo / 1Timóteo 5.1–25
O trato do pastor com as ovelhas deve ser orientado de acordo com o sexo, idade, vida espiritual e posição.
encontrando discernimento bíblico para os relacionamentos interpessoais.
encontrando discernimento bíblico para os relacionamentos interpessoais.
Ser pastor é uma grande bênção concedida por Deus. De fato, "quem almeja o episcopado excelente obra almeja" (1Tm 3.1). Entretanto, o ministério é como um passeio numa cachoeira, você observa incontáveis belezas e a multiforme sabedoria de Deus na criação, mas também corre bastante risco com animais peçonhentos e quedas fatais devido ao musgo de algumas pedras. O pastor displicente que entra no ministério só pensando na beleza deslumbrante, correrá um sério risco de levar um tombo alucinante.
Depois de Paulo orientar o seu verdadeiro filho na fé a respeito da luta do ministério com os falsos mestres, da importância da prece, da paz e da padronização no culto, do estabelecimento de liderança qualificada e da realidade da apostasia dos últimos tempos que deve levar o ministro de Deus a um engajamento sério com a exposição da sã doutrina, chegamos a orientações apostólicas sobre o trato com os diversos tipos de pessoas da igreja.
Gosto da forma como o Dr.Carlos Osvaldo divide nossa passagem. Ele a divide em três partes:
1. Timóteo tinha que lidar apropriadamente com o sexo oposto e com faixas etárias diferentes na igreja (1Tm 5.1-2);
a. Os homens mais velhos deveriam ser tratados com respeito, como pais (1Tm 5.1a) – “não repreendas” - ἐπιπλήξῃς, mas “exorta-o” – παρακάλει (apoiar sinceramente, incentivar uma resposta ou ação). Lv 19.32.
b. Os homens mais jovens deveriam ser tratados como irmãos (1Tm 5.1b); “moços” – νεωτέρους – homem mais jovem que si mesmo.
c. As mulheres mais velhas deveriam ser tratadas com consideração, como mães (1Tm 5.2a);
d. As mulheres mais jovens deveriam ser tratadas com total pureza como (se fossem) irmãs (1Tm 5.2b).
John Stott diz que “a igreja local é corretamente chamada de igreja da família, na qual há pais e mães, irmãos e irmãs, sem falar em tios e tias, avós, filhos e netos. Os líderes não devem ser insensíveis e tratar a todos de igual maneira. Não, eles devem se comportar em relação aos idosos com respeito, afeição e gentileza, à sua própria geração com igualdade, ao sexo oposto com domínio próprio e pureza, e a todas as idades de ambos os gêneros com o mesmo amor que une membros da mesma família”[1]
2. Timóteo tinha que tratar com as viúvas baseando-se em seu estado familiar, espiritual e em sua idade (1Tm 5.3-16)
a. Princípio - A IGREJA DEVERIA SUSTENTAR AS VIÚVAS [DESTITUÍDAS] (1Tm 5.3);
Stott diz que “Nas Escrituras, viúvas, órfãos e estrangeiros (pessoas sem marido, pais ou lar) são valorizados por quem eles são e nos é dito que eles merecem honra, proteção e cuidado especiais. Por toda a Bíblia são exigidos para eles justiça e amor. A igreja primitiva aprendeu essa lição com o ensino do Antigo Testamento, bem como com o exemplo de Jesus, e continuou a demonstrar essa mesma preocupação”[2].
A pergunta que fica é: Quem é responsável pelo cuidado com as viúvas, cuidado financeiro? Quais viúvas deveriam ser ajudadas? Todas? Será que só porque é viúva já está qualificada imediatamente? Vejamos pelo menos três qualificadores e mais um princípio.
b. Qualificador 1 - As viúvas com famílias deveriam ser sustentadas por estas (1Tm 5.4,7-8,16);
A Bíblia coloca grande importância sobre os filhos honrarem seus pais (Ex 20.12; Pv 1.8; 20.20; 23.22; Ef 6.2)
c. Qualificador 2 - As viúvas que buscavam prazer e não a Deus não deveriam ser financeiramente sustentadas pela igreja (1Tm 5.5-6);
“Totalmente diferente de uma mulher tão devota é “[a viúva] que vive para os prazeres”, isto é, para si mesma e não para Deus. Ela “ainda que esteja viva, está morta”. Pois esse tipo de vida (satisfação dos próprios desejos) é, na realidade, morte espiritual, enquanto esse tipo de morte (abnegação) é, na realidade, vida espiritual. Portanto, há condições materiais e espirituais de elegibilidade para o sustento das viúvas pela igreja. A condição material é a pobreza e a condição espiritual, a devoção”[3]
d. Qualificador 3 - As viúvas mais jovens não deveriam ser financeiramente sustentadas pela igreja, devido aos riscos de inatividade, mas deveriam ser encorajadas a casar novamente e a servir os outros (1Tm 5.11-15);
e. Princípio - Apenas as viúvas maduras e espiritualmente devotas deveriam ser incluídas na lista de sustento [e ministério] da igreja (1Tm 5.9-10)
As viúvas deveriam viver:
· Em fidelidade conjugal (v.9)
· Em testemunho excepcional (v.10)
· Em dedicação espiritual (v.10)
· Em acolhimento fraternal (v.10)
· Em humildade laboral (v.10)
· Em apoio social (v.10)
· Em zelo total (v.10)
Alguns estudiosos do NT debatem sobre a natureza dessas viúvas. O que Paulo está fazendo é acrescentando mais uma qualificação para uma viúva necessitada recebesse ajuda da igreja? Se sim, o que a igreja faria com as viúvas abaixo de 60 anos com filhos e sem família para ajudar? Não deveriam receber apoio? O verso 10 dá a entender que não se tratava de mulheres necessitadas. É possível, entendem alguns teólogos, que essas viúvas não são como as demais, mas que elas estariam aptas para ocuparem um cargo de assistência na igreja e, por isso, seriam cuidadas, caso precisassem, pelo exercício do ministério. John Stott entende que “essa “lista de viúvas” não é para viúvas que precisam de sustento, mas para as viúvas capazes de oferecer serviço. Paulo lista as três qualificações para a inscrição: experiência, fidelidade conjugal e boas obras”[4].
Hendriksen concorda com essa visão, ele diz que “Essas são as viúvas que preencheram os requisitos necessários para a realização de certas funções caritativas e espirituais na igreja”[5]. Outros teólogos como C. J. Ellicott, A. T. Robertson, E. F. Scott e C. Bouma seguem a mesma opinião.
O dicionário Strong diz que καταλεγέσθω (alistar) no caso das viúvas se refere “àquelas viúvas que tinham um lugar proeminente na igreja e exerceram uma certa superintendência sobre o resto das mulheres, e tinham responsabilidade sobre as viúvas e os órfãos sustentados pelos fundos comuns[6]. John MacArthur também entende dessa forma, ele afirmou que “a expressão é traduzida de maneira mais clara por “seja colocada na lista”. Não era uma lista das viúvas que tinham o direito de receber um apoio especial da igreja (todas as viúvas da igreja que não tinham outros meios de sustento contavam com esse apoio; v.3), mas, em vez disso, daquelas que eram qualificadas para exercerem um ministério especial e reconhecido na igreja (cf. Tt 2.3-5)”[7].
3. Timóteo deveria tratar os presbíteros com honra, respeito e discernimento (1Tm 5.17-25)
a. O trato de Timóteo com os presbíteros deveria envolver honra (1Tm 5.17-18);
• O trabalho diligente em favor da igreja deveria ser recompensado em dobro (1Tm 5.17);
• A recompensa para o trabalho diligente é um princípio das Escrituras (1Tm 5.18);
“Que tipo de honra Paulo tem em mente? A partir das citações do versículo seguinte, é claro que ele inclui uma remuneração adequada. No entanto, parece improvável que Paulo esteja se referindo apenas a salário. Os presbíteros conscienciosos deveriam receber respeito e remuneração, honra e honorários. Para Paulo, era normal que o pastorado fosse um ministério pago. Como nos dias do Antigo Testamento, os sacerdotes eram sustentados para se dedicarem ao serviço do Senhor, assim também, nos dias do Novo Testamento, os pastores deveriam ser sustentados para se dedicarem à obra do evangelho”[8].
b. O trato de Timóteo com os presbíteros deveria ser regido por respeito aos presbíteros e à igreja (1Tm 5.19-20);
• Nenhuma acusação deveria ser aceita sem a apropriada certificação (1Tm 5.19);
“presbítero. Paulo dá-lhe duas instruções complementares: primeiro, quando um presbítero é acusado de algo e, segundo, quando o presbítero for culpado. Primeiro, uma acusação deve ser confirmada por várias pessoas. No Antigo Testamento, duas ou três testemunhas eram obrigadas a sustentar uma acusação e assegurar uma condenação, especialmente em relação a uma pena capital. O mesmo princípio se aplica nos tempos do Novo Testamento, em particular quando líderes cristãos estão sendo acusados. Na verdade, duas ou três testemunhas são necessárias não apenas antes de uma acusação ser sustentada, mas antes mesmo de ser considerada. Esse regulamento prático é necessário para a proteção dos líderes pastorais, vulneráveis à calúnia. Uma campanha de difamação pode arruinar completamente o ministério de um líder. Assim, a primeira palavra de Paulo para Timóteo é que ele nunca deve ouvir fofocas sobre os líderes ou mesmo uma acusação séria se for feita por apenas uma pessoa”[9].
• Nenhum presbítero impenitente deveria ficar sem punição, mas deveria se publicamente disciplinado, como alerta para os outros (1Tm 5.20);
“se uma acusação contra um presbítero não só for confirmada por duas ou três testemunhas, mas também for provada, e se o presbítero envolvido, embora admoestado em particular, se recusar a se arrepender, mas persistir no pecado, então não se poderá evitar a tristeza e o escândalo de um confronto público. Tal repreensão pública, embora seja um meio efetivo de intimidação, deve ser o último recurso. Não é correto nem necessário tornar público o que é privado até que todas as outras possibilidades tenham sido esgotadas. Em suma, Timóteo não deve ouvir acusações frívolas nem se recusar a levar a sério situações sérias”[10].
c. O trato de Timóteo com os presbíteros deveria ser regido pelo discernimento (1Tm 5.21-25).
• O trato de Timóteo com os presbíteros deveria ser imparcial (1Tm 5.21) – “Toda disciplina dos presbíteros dever ser feita de maneira justa, sem prejulgamentos ou preferências pessoais, mas de acordo com os parâmetros bíblicos” (MacArthur, p.1663).
• A consagração de presbíteros em potencial não deveria ser apressada, para que ele não partilhasse de suas falhas (1Tm 5.22) – mudamos de 1 presbítero para cada 50 membros para “preferencialmente” 1 presbítero para cada 50 membros dos nossos documentos.
• A necessidade de pureza de motivos é ressaltada pela necessidade de Timóteo de purificar seu sistema com vinho misturado com água (1Tm 5.23)
• Timóteo deveria ser sábio ao discernir quais ações exigiam reconhecimento ou punição pública (1Tm 5.24-25).
Refletindo na mensagem:
· Paulo deu instruções a Timóteo sobre a atitude do jovem em relação aos idosos e jovens na igreja. Como seguir as diretrizes de Paulo edificaria a comunhão de uma igreja?
· Você possui alguma viúva em sua família? Se sim, você tem estado atento(a) às suas necessidades?
· Como podemos tratar “adequadamente” as viúvas da igreja hoje?
· Qual a importância da igreja estabelecer critérios claros para ajudar pessoas em necessidade?
· Como uma igreja pode honrar os seus pastores e presbíteros? Você os tem honrado?
· De acordo com os versos 19 e 20 como a igreja deve lidar com acusações contra pastores e presbíteros? O que esse procedimento fará diante de possíveis fofocas?
· Sobre quais perigos Paulo alertou Timóteo no v.21 e por quê?
[1] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (p. 57). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[2] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (pp. 60-61). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[3] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (pp. 61-62). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[4] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (p. 63). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[5] William Hendriksen, 1 e 2 Timóteo e Tito, ed. Cláudio Antônio Batista Marra, trans. Valter Graciano Martins, 2a edição., Comentário do Novo Testamento (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2011), 216.
[6] James Strong, Léxico Hebraico, Aramaico e Grego de Strong (Sociedade Bíblica do Brasil, 2002).
[7]MacArthur, John. Bíblia de Estudo John MacArthur, p.1162.
[8] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (p. 65). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[9] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (p. 66). Editora Ultimato. Edição do Kindle.
[10] Stott, John; Larsen, Dale; Larsen, Sandy. Lendo Timóteo e Tito com John Stott (Lendo a Bíblia com John Stott) (p. 67). Editora Ultimato. Edição do Kindle.