O que a tristeza segundo Deus faz?
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2 Coríntios 7.8-10
2 Coríntios 7.8-10
Introdução:
Ao longo de sua segunda carta aos coríntios, notamos o desejo do apóstolo Paulo de abrir os olhos de seus filhos na fé, para que reconheçam e corrijam os erros em que estavam. O apóstolo fez uma breve visita à cidade, mas não foi bem recebido. Havia pessoas que se opunham ao seu ministério e influenciaram os coríntios a rejeitarem sua autoridade e a tratá-lo de forma desrespeitosa.
Nos versículos 2-4 do capítulo sete, Paulo relata que não fez nada para merecer a rejeição que recebeu. Pelo contrário, sempre se esforçou para não ser causa de tropeço entre os irmãos e para abençoá-los com sua vida. Ele traz essa lembrança, não com a intenção de condená-los, mas para que se recordem de sua conduta íntegra diante deles.
Nos versículos 5-7, Deus reanima Paulo ao proporcionar o encontro com Tito. Tito conta a Paulo que a carta enviada por ele, e levada por Tito, trouxe tristeza aos irmãos, mas essa tristeza os levou a refletir sobre os erros cometidos contra seu pai na fé, fazendo com que o acolhessem novamente em seus corações.
Algo interessante nessa passagem é que tanto a presença de Tito quanto as informações que ele trouxe foram o canal usado por Deus para consolar a tristeza de Paulo. Isso nos ensina que não devemos rejeitar pessoas como se não fossem úteis para nós. Deus as usa; Ele utiliza nossos irmãos para nos ajudar e compartilhar nossas dores nos dias difíceis.
Nos versículos 8-10, vemos Paulo abrindo seu coração diante dos irmãos. Nessa passagem, entendemos que a tristeza segundo Deus nos conduz ao arrependimento. Mas como isso acontece? Essa ideia pode ser compreendida em dois pontos. O primeiro:
1 - A tristeza segundo Deus restaura (V. 8-9)
1. No verso 8 notamos como Paulo foi afetado pelo pecado dos irmãos.
2. No inicio ele vai explicar o que antecedeu sua alegria do fim do verso 7.
3. Até obter a resposta, Paulo viveu em um dilema ao refletir sobre a carta enviada por Tito: será que fui duro demais?
4.Não teria sido melhor não escrever? Ao ponto dele descrever que se sentia arrependido, em algum momento, de tê-la escrito, observe o verso 8.
5. Esse verso pode destacar como estava o estado de espírito do apostolo.
6. Suas emoções estavam confusas, seu coração estava triste. Anteriormente no verso 5 ele já tinha escrito que vivia: Lutas por fora, temores por dentro!
7. Não é fácil lidar com uma situação tão complexa.
8. Por exemplo: O que fazer com uma pessoa viciada após tantas vezes ser internada numa clínica e não resolver o problema?
9. Internar outra vez? Virar às costas? Aceitá-la tranquilamente em casa mesmo sabendo que ela roubará os moveis?
10. Há situações difíceis de lidar, e agir sabendo que isso vai deixar alguém triste, com certeza, é uma dessas.
11. A exclusão de um membro da igreja, é algo que deve acontecer, mas não diminui as dores emocionais que ela causa.
12. Repreender uma pessoa nos causa essa angústia, mesmo que seja nossa tarefa.
13. Paulo, com suas emoções afloradas, descreve a dificuldade de fazer o que era necessário.
14. Fazer o que é certo nem sempre será fácil, sempre terá um custo, te fará chorar bastante. Mas, ainda assim, é o caminho a ser trilhado por cada um de nós. Em todas as décadas o certo sempre o será, ainda que tentem torcê-lo.
15. É necessário rogarmos ao Senhor auxilio. Paulo sabia que poderia passar do ponto, ainda que a repreensão fosse o correto, agir com as emoções instáveis pode ser prejudicial.
16. Da mesma forma, pode ser prejudicial advertir alguém de forma dura em uma ocasião inoportuna.
17. Agir na emoção pode te fazer perder a sensibilidade do momento, e mais constranger do que entristecer para restaurar.
18. Paulo ficou nessa corda bamba, que em algum momento podemos está atravessando também. Como ele, é necessário rogarmos por sabedoria para saber como não agir impulsivamente, pois temos a frente uma linha bem fina para andar.
19. Todavia, agora, como ele continua no verso 9, ele se alegrava.
20. Pelo fato de ter entristecido os irmãos? Não! Nossa alegria não é em causar tristeza em alguém.
21. Mas, pelo fruto da tristeza que abre o caminho para a pessoa voltar ao Senhor.
22. A tristeza segundo o Senhor não tem o propósito de nos humilhar por humilhar, nem de nos entristecer apenas para nos fazer chorar ou nos deixar quebrados no chão.
23. Pelo contrário, ela possui um poder transformador, causando um impacto interno profundo em cada um de nós. Essa tristeza nos leva à restauração e ao cuidado com a nossa comunhão com o Senhor. (SLIDE)
24. E Paulo entende que a tristeza que ele causou, de fato, não foi além do ponto, foi na medida certa.
25. Foi “segundo Deus”, pois gerou arrependimento nos irmãos.
26. Podemos explicar tristeza do seguinte modo nesse contexto: Uma mudança do eu (coração e mente) que abandona as ações antigas e resulta em um novo homem, novo comportamento, o homem contristado que arrepende-se das atitudes/comportamentos antigos.
27. Ou seja, o alvo é alterar os erros passados, e trazê-los a piedade outra vez.
28. E qual o proposito dessa ação de Deus trazendo-os ao arrependimento?
29. “Eles não sofrerem nenhum dano”, a ideia aqui é se Paulo tivesse ficado calado, isso seria ainda pior.
30. O pecado não seria tratado, eles poderiam estar ainda mais distantes de Deus, e o Senhor não agiria por meio da carta.
31. Mas Paulo, ao levar adiante sua difícil decisão, tornou-se o instrumento usado por Deus para proporcionar a restauração dos irmãos e também a sua própria.
32. O silêncio diante do pecado não é amor, mas também não é indolor!
33. Como disse certo autor: Uma repreensão piedosa pode causar dor, mas essa dor produz verdadeiro arrependimento em corações sinceros.
34. Temos a necessidade de agir, restaurar pessoas, fazer com que eles mudem, mas como fazer isso? Como não falhar? E agir sem ser influenciado pelo próprio coração tão dolorido pela injustiça?
35. Apenas confiando na poderosa mão de Deus, perdemos o receio de magoar, pois sabemos que foi o necessário para abrir os olhos do pecador.
36. Não fomos chamados para dias fáceis, por conta disso, não teremos dias fáceis, não é necessário, exatamente, ter confrontos para sentir os desafios do mundo. Nosso padrão sempre será sentir as dores até a chegada da plena restauração.
37. Mas é olhando para a cruz que o choro encontra alívio, independente das razões dela, não esqueça, apenas em Cristo, que nos entende, que achamos um amigo Leal e que saiba exatamente como dói a tristeza.
38. Seguindo, além da tristeza segundo Deus ser restauradora, ela também:
2 - A tristeza segundo Deus produz salvação (V. 10)
1. Avançando, notamos Paulo explicando mais sobre a tristeza segundo Deus, e a coloca em oposição a tristeza que não é segundo Ele.
2. Paulo explica o que ela “produz”, isso significa que: ela, em seus mínimos detalhes, de forma bem precisa, chega ao ponto de causar a mudança nas atitudes das pessoas. Para uma sociedade que vive e deseja nunca passar por dificuldades, isso deve causar choque, mas não em nós, Deus está nos forjando, está moldando o seu povo, podemos confiar em sua mão nos guiando em todo o processo.
3. Ela nos conduz ao arrependimento verdadeiro, tendo como objetivo a salvação e a consciência de que fomos criados para a santidade. É nas dificuldades que somos moldados para uma vida mais santa. Para desenvolvermos paciência, precisamos enfrentar situações que a testem; da mesma forma, para sermos santos, nossa santidade será colocada à prova. (SLIDE)
4. Mesmo isso, não sendo agradável, são boas dádivas do Senhor, sejam perseguições que recebemos, seja a aversão de alguém em seu trabalho pelo fato de você não se corromper.
5. O pecado não trás santidade, isso Paulo entende bem, e nos exorta a refletimos sobre como estamos vivendo nossa vida na fé, se de fato somos salvos.
6. Buscamos o proposito em meio ao sofrimento, por reconhecer os benefícios dele, Paulo foi fortalecido no Senhor ao passar por esses problemas. Eles foram necessários para o aproximarem ainda mais do Senhor.
7. Procuramos desenvolver a nossa salvação, como Paulo adverte em Filipenses.
8. Nós, seguiremos adiante em Cristo.
9. É necessário aguentar, é necessário ferir, algumas vezes, pois, como diz Provérbios 27.6: “Quem fere por amor mostra lealdade, mas o inimigo multiplica beijos.”
10. Isso é amor real, sincero, a ponto de abrir mão da paz, em prol do melhor para o outro. A ponto de abrir mão da alegria e abraçar a tristeza por amor ao Senhor.
11. O verso 10 continua: Que a ninguém traz pesar.
12. Ou seja, que não traz qualquer remorso, mas algo sincero.
13. Se arrepender genuinamente, não te traz pesar por essa situação.
14. Não há lamento ao ser tocado pelo arrependimento dado por Deus.
15. Não há porque voltar atrás nessa atitude. Alguém que se arrepende, verdadeiramente, não ver motivo para voltar atrás.
16. Há frutos eternos, eterna felicidade, alegria diante de Deus.
17. Não há pesar em se arrepender do pecado, não há saudade quando seguimos o caminho do Senhor.
18. No entanto, continuando o contraste, “a tristeza segundo o mundo produz morte”.
19. Você pode observar isso no mundo, quando alguém se arrepende dos seus erros não encontro perdão lá.
20. Viver em meio a essas pessoas que não entendem o que é arrependimento é entender que o único escape é a morte.
21. Paulo deixa claro que o arrependimento para o mundo tem essa conotação, é apenas um remorso que não tem significado algum.
22. O que esperar de filhos da ira repreendendo os outros? É como um cego guiando o outro ao abismo. Lembremos que as pessoas que não têm Cristo não tem um padrão correto para basear suas vidas, elas estão cegas, e a tristeza é o fim, não conseguem lidar com toda a angústia que ela causa. Estar em Cristo não elimina o sofrimento, mas temos o SENHOR conosco nos fortalecendo e segurando nossa mão para não regredir.
23. Citando um exemplo, lembra de Judas? Ele ficou sem chão ao entender o erro que cometeu, e sua solução foi a pior possível!
24. Ele passou três anos com Jesus, mas, o traiu, e se mostrou um perdido, seguiu o caminho do remorso ao invés do caminho do arrependimento.
25. Longe da Cruz, só teremos pessoas como as que ele achou, ninguém para abrir seus olhos para os erros, apenas falaram que o problema era dele!
26. A tristeza segundo o mundo, não da um ombro para chorar, apenas o abismo para se jogar!
27. Longe de Deus só temos o remorso, não há ninguém se importando com o seu caminho. Só temos a morte, como diz o texto. É nunca achar um remédio para o remorso que crescerá ao nível insuportável, até não encontrar outro solução que não seja morrer.
28. Diferente de Judas, Pedro encontrou o perdão no Senhor e foi restaurado. Da mesma forma, Davi também foi perdoado, apesar de seus erros.
29. Se a correção do Senhor traz vida, às trevas só trazem julgamento, e uma sentença de morte!
30. Apenas isso o mundo tem a oferecer.
31. Mas, em Cristo, sabemos que nossa leve e momentânea tribulação trará eterno peso de glória. Podemos resistir, podemos sofrer o dano, podemos nos entristecer porque sabemos que nos alegraremos no Senhor.
32. Avançando na corrida até o céu, se há alegria em meio ao sofrimento é pela via cruciforme, é pela cruz manchada de sangue.
33. O cordeiro divino foi imolado para que o nosso pecado fosse pago, e nos arrependêssemos da rebeldia e nos entregarmos a ele. Logo, temos a esperança que encharca nosso coração imerso em tristeza, houve um cordeiro que nos substituiu, a sua glória por nossa humilhação.
34. A tristeza será quebrada um dia, Deus enxugará dos olhos toda a lágrima, como diz em Apocalipse 22. Até lá, resista bravamente na corrida que foi proposta a você, suas lágrimas tem data marcada para acabar.
35. Paulo entristeceu os irmãos, mas eles voltaram a glorificar ao Senhor!
36. Não ignore o poder de Deus, ele nos restaura e produz salvação em nossas vidas!
Aplicação: Observamos que uma relação quebrada foi restaurada quando o receio de, magoar por amor, foi vencido. Houve confiança no poder de Deus, e a mesma confiança encha o nosso coração, por isso:
1. Quando Deus nos entristece, ele procura nos trazer para mais perto de si.
2. Quando Deus nos entristece, ele procura nos fazer mais parecidos com Cristo.
3. Quando Deus nos entristece, ele procura nos tornar mais misericordiosos com os que sofrem!
Conclusão:
Em seu livro, “O ministério do pastor”, Brian Croft diz o seguinte: Permitir que uma pessoa viva sem a advertir não é amar”. Somos chamados a abrir olhos fechados, a propagar o reino de Deus, mostra que Deus quer que as pessoas se arrependam e sejam salvas, lembrar que é na nossa fraqueza que o poder se aperfeiçoa. Não confiamos em nós mesmos, mas no nosso Grande Deus e Rei! Nessa confiança, que olhemos para a tristeza como a permissão dele em nós e naqueles que estão próximos a nós. Não a rejeitemos sem refletir; se Deus permitiu, é uma dádiva para nos fazer crescer ou para abrir os ouvidos de um mundo surdo. Há sofrimentos que não entendemos, mas sabemos que é Deus quem os permite, C. S. Lewis disse que: Deus sussurra em nossos prazeres, fala em nossa consciência, mas grita em nossos sofrimentos. O sofrimento não é em vão; Deus sempre o usará para o nosso bem. Descanse o seu cansado coração no bom propósito de Deus; lá você encontrará a transformação e a vida eterna! E saiba um dia todas as lagrimas serão secadas e o sofrimento não mais existira na gloria com nosso eterno Pai!